Professor alagoano que foi preso e torturado por policiais é ouvido na Promotoria de Justiça Militar de Sergipe
- Redação
- 31/01/2013 14:49
- Helio Fialho
O professor alagoano Hermes da Silva Gomes Júnior, 33, compareceu, nesta quarta-feira(30), à Promotoria de Justiça Militar do Estado de Sergipe, com sede em Aracaju, para ser ouvido a respeito da prisão e tortura a que foi submetido por policiais sergipanos, no dia 22 deste mês, numa rodovia próxima de Siriri. Após a sua prisão, acusado de ser consumidor e traficante de drogas, inclusive de cocaína, ele foi espancado, humilhado e torturado por policiais integrantes Grupo de Ações Táticas do Interior (GATI). Segundo o professor, da ação participaram cerca de dez policiais, inclusive duas policiais militares.
Sendo algemado e colocado na carroceria de uma viatura do GATI, ele foi conduzido para a Delegacia de Polícia Civil da cidade de Maruim,onde ficou encarcerado por quase 24 horas sem direito a beber água e sem alimentar-se, apesar de ter dito que estava com sede e fome aos policiais de plantão naquela delegacia, só vindo a ser solto por volta das 11 horas do dia seguinte ao ser ouvido por um delegado e provado a sua inocência.
O caso foi denunciado pela reportagem do CadaMinuto/MinutoSertão e teve grande repercussão na imprensa sergipana, sendo destaque nos principais programas de radiojornalismo de Sergipe. Em Alagoas também não foi diferente, a imprensa também deu destaque a ação desastrosa da polícia sergipana.
A vítima, residente no Povoado Jacarezinho, município de Pão de Açúcar, é lotado no quadro de servidores efetivos da Secretaria Municipal de Educação de Pão de Açúcar, onde leciona faz mais de 10 anos no Povoado Santiago e na Vila Limoeiro.
Bastante abalado emocionalmente e sentindo vergonha de sair às ruas, o professor foi encaminhado pelo órgão onde trabalha para submeter-se a tratamento psicológico em busca de superar o trauma sofrido em decorrência da violência. A esposa da vítima, professora Rosália de Farias, também muito abalada emocionalmente vem dando força ao marido para que este não venha cair em depressão. “O meu esposo está muito chocado e triste com o que sofreu inocentemente”, disse ela.
Ao tomar conhecimento do ocorrido atavés da imprensa, o Promotor de Controle Externo da Atividades Policial do Estado de Sergipe, Jarbas Adelino Santos Júnior, por meio de sua assessoria entrou em contato com o professor, para ouví-lo e depois apresentar denúncia contra os acusados à Justiça Militar. O professor foi ouvido às 10 horas e 30 minutos e o depoimento durou cerca de 40 minutos. Após ser ouvido, o professor Hermes retornou a Pão de Açúcar em companhia da esposa. Nesta quinta-feira(31), a vítima iniciou um tratamento psicológico objetivando superar o trauma gerado pela violência policial.
Entenda o caso
No dia 21 o professor Hermes viajouu a Aracaju levando a genitora e uma filha menor para consultas e exames médicos. Ele passou a noite em claro devido ao estado de saúde da filha. No dia 22, às 13 horas e 30 minutos, no Terminal Rodoviário de Aracaju, ele pega um ônibus da Coopetaju com destino ao Povoado Niterói.
Nas imediações da cidade de Siriri o ônibus é parado por policiais do GATI que realizam uma revista nos aproximadamente 30 passageiros. Com os passageiros os policiais não encontram nada que os comprometessem, mas no interior do ônibus os policiais encontram pequenas quantidades de cocaína, crack e maconha.
Ao descerem do ônibus com as drogas nas mãos, os policiais interrogram e acusaram o professor e mais quatro passageiros de serem os portadores das drogas encontradas no interior do ônibus. O professor negando as acusações, disse também não conhecer os outros quatro acusados, apesar de serem todos de Pão de Açúcar, pois ele mora em uma comunidade rural enquanto os outros quatro acusados moram na sede do município.
Recebendo voz de prisão o professor foi conduzido para trás do ônibus em que viajava e sob espancamento e novas acusações é submetido a um interrogatório. Ele nega novamente as acusações e diz que trabalha como professor em Pão de Açúcar. Não acreditando nas declarações do professor, os policiais dirigem palavrões e o humilha, além de o algemarem.
Os policiais não submeteram o acusado a nenhum exame específico para comprovação de consumo de droga, porém o acusaram porque este estava com os olhos vermelhos em consequência da perda de sono na noite anterior, no momento da abordagem.
Conduzido para a Delegacia de Polícia Civil de Maruim, o professor foi encarcerado como traficante, ficando preso, sem direito a água e a comida, por quase 24 horas, vindo a ser solto porque a esposa o localizou e provou a inocência do marido. O caso foi denunciado pelo MinutoSertão e teve grande repercusão no estado de Sergipe, inclusive sendo bastante divulgado pela imprensa sergipana. Ao tomar conhecido do ocorrido, o Promotor do Controle Externo da Atividade Policial, Dr. Jarbas Adelino Santos Júnior, ouviu a vítima e vai pedir a punição dos policiais envolvidos.
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